Pra não fugir do clichê, foi pelo certificado do Cinesophia. Agora só assisto filme lá. Enquanto isso, meu HD vai ficando cada vez mais cheio dos filmes que baixo e não vejo. Triste :(
Mas e aí, do que é que ele fala?
Desesperado por uma grande matéria, um repórter esportivo (Josh Hartnett) descobre um sem-teto (Samuel L. Jackson) que acredita ter sido o grande boxeador Bob Satterfield, que lutara até a década de 1950. A questão é que acreditava-se que o boxeador já estava morto.
Tem esse jornalista, né? A ex-mulher dele é super famosa no meio, mas ele não emplaca uma matéria digna. Seu atual editor diz que ele "digita muito, mas escreve pouco" e até retalha algumas das suas notícias. Bem diferente do editor antigo, que as adorava. O jornalista trabalha com esportes, especificamente o boxe. Seu pai era um antigo comentarista do meio e o filho seguiu o mesmo rumo.
As intensas pressões no campo pessoal (a separação, o filho) e o profissional (o editor) fazem com que o jornalista busque AQUELA reportagem. A que vai marcá-lo para o resto da vida. Num desses eventos cotidianos corriqueiros, ele acaba encontrando um mendigo que estava sendo surrado por uns garotos. É o tal boxeador da sinopse. Ou ao menos se declara ser. É a chance da vida do jornalista, falar do que acontece depois da fama e riqueza. A decadência. A tentativa de dar um toque humano. Só que o boxeador-mendigo não quer fazer a entrevista. Ironia: o jornalista MENDIGA a entrevista que só é concedida após ele abrir o jogo e falar dos seus problemas.
Daí rola todo aquele paralelo. Ambos buscam respeito. O jornalista quer o respeito profissional e quer ser um exemplo para o seu filho. O boxeador almeja o reconhecimento pelo que fez no passado, haja vista que agora é apenas um sem teto.
Nos momentos em que se mostra o relacionamento entre pai e filho, o pai tenta dar o seu melhor, ser o cara cheio dos amigos famosos. Mas é tudo mentira. Só que o filho acredita, né? Os filhos sempre acreditam nos pais. O jornalista inventa que é amigo de famosos do esporte e, em certa oportunidade, um desses "amigos" está comendo na mesa ao lado e o filho pede para apresentá-lo. E o pai "não, não vamos incomodar" e a criança replica "mas ele é o seu amigo, qual o problema?". Bem tristinho. Um ponto bacana sobre a criança é a sua inocência. Ao contar a história do boxeador que vive na rua, o garoto não aceita que as pessoas morem lá. Uma crítica, né? Afinal nós vemos isso hoje com muita naturalidade (essa naturalidade se adquire com o tempo, claro).
Bom, daí a história dá uma reviravolta e começamos a perceber as nuances do jornalismo investigativo e o que acontece se o mesmo for feito superficialmente. Não basta acreditar nas palavras, é preciso de documentos e conhecimento sobre o assunto para não se meter em uma furada. A ética do jornalista é medida pelo exemplo de pai que o jornalista quer ser para o filho. Neste caso, a criança é a limitadora das ações do seu pai.
Outros temas abordados pelo filme são a confusão entre o pessoal e o profissional, o sentimento de traição, a questão de ser reconhecido e o desejo de ser alguém melhor (afinal é um filme sobre superação).
Recomendo.
Poderia me mostrar algumas imagens?