Minimalismo e Desapego

Já faz uns anos que sou adepto dessa onda minimalista. No sentido de economia. Economizar espaços e coisas. Sempre achei meu quarto pequeno demais para os objetos que tinha (centenas de livros, cds, dvds e action figures. Centenas mesmo). Depois de muitas reflexões percebi que o problema talvez não fosse o quarto, mas sim eu. Eu que queria TER coisas demais, mesmo que isso não faça sentido. Principalmente hoje, quando podemos dispor de 3 desses 4 itens virtualmente (oi, internet?).


Houve uma disciplina que paguei na universidade, Museologia, na qual me identifiquei bastante. O professor falava muito do "fetiche de colecionador". Aquelas pessoas que precisam ter certos objetos apenas porque começaram a colecionar. É quase uma doença isso. Ele citou o exemplo da Revista Caras. Ela sempre vem com uma promoção, né? Compre a revista e ganhe o primeiro fasciculo de alguma coisa. Compre a revista e ganhe o primeiro CD de uma série de 100 de música clássica. Compre a revista e ganhe peças de um faqueiro. E as pessoas que são compulsivas, que tem esse fetiche, precisam ter TODAS. Se perdem uma edição, vão atrás do jornaleiro para encomendar, pedem pela internet, pagam mais caro por um simples objeto... tudo para tê-lo. Pelo significa que o mesmo representa para a pessoa. O professor, Helder, até comparou com a espada de Dom Pedro, o rapaz que proclamou a independência do Brasil. Uma espada qualquer, iguais a muitas espadas da época, apenas por ter sido de posse do imperador, torna-se um objeto de desejo.

Enfim.


Daí eu vi essa matéria sobre o homem que vive apenas com 15 objetos. Claro, tem gente ai vivendo com muito menos, mas esse não é o mérito da questão. O Andrew Hide, o homem do link acima, tem condições de possuir muito mais coisas do que os 15 objetos, mas optou pelo contrário. Não sei quais foram as intenções dele, se queria ajudar a salvar o mundo (ideologia) ou achava que tinha "entulho" demais em casa ou apenas achou mais prático para a vida dele. Sei que essa forma de ver o mundo condizia com o que eu achava. Veja bem, ele não abdicou de viagens, do lazer, da diversão, de sair com os amigos, da família, de nada. Apenas de boa parte dos objetos que achou desnecessário.

Então resolvi me livrar dos meus. Com os dvds e cds foi fácil, mas os livros tem toda aquela ligação emocional. Alguns deles estão cheios de anotações que fiz e refiz enquanto lia e relia. Mas hoje resolvi desapegar de alguns. A prioridade é me livrar dos que já e não penso em reler. Os que manterei serão aqueles com alguma ligação afetiva (Harry Potter, Senhor dos Anéis, O Guia do Mochileiro das Galáxias). Os que tenho e ainda não foram lidos, me esforçarei para lê-los. Vou tentar substituir todos por versões digitais. Essa epifania sobre os livros foi devido a outra leitura, iTunes, Steam e outros: como o paradigma de posse mudou ao longo dos anos (e como ele vai mudar ainda mais). Eu já tinha essa ideia, só faltava por em prática.


Mesmo sabendo que o papel dura bem mais como forma de armazenamento e é imune a pulsos eletromagnéticos, hackers e picos de luz, meu desejo de me desapegar desses objetos é porque já foram usados. Então tá tudo guardado dentro da minha cabecinha. Não preciso que algo dure mais de 100 anos, porque eu mesmo não vou durar tudo isso.

Algumas das coisas que já botei a venda:

Algums cds: https://www.facebook.com/groups/sebodesapego/permalink/456484531049689/
DVDS: https://www.facebook.com/groups/sebodesapego/permalink/456481207716688/
Livros: https://www.facebook.com/groups/sebodesapego/permalink/456487034382772/
Mangás: https://www.facebook.com/groups/sebodesapego/permalink/457090497655759/
Mais DVDS: https://www.facebook.com/groups/sebodesapego/permalink/458848597479949/
Mais livros: https://www.facebook.com/groups/sebodesapego/permalink/459583004073175/

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