O Ritual (The Rite)

Filmes de terror não são mais como eram antigamente (Legião Urbana feelings). Hoje o que eu espero deles é que me deem sustos. Muitos. Muitos mesmos. E, se possível, que me deixem com nojo, repulsa ou em total suspense em alguma cena. Por isso que meu filme de terror favorito é o espanhol [REC] (o primeiro). Ele tem todos esses elementos.

Em O Ritual, filme que Layza indicou, vi que era possível ter sustinhos sem que fosse necessário aquele tipo de filmagem onde um dos personagens do filme usa uma câmera de mão ou filmagens amadoras para mostrar a história (tipo Bruxa de Blair ou Atividade Paranormal).


A história é a seguinte:

Michael Kovak (Colin O’Donoghue) é um seminarista cético e decidido a abandonar seu caminho na igreja, mas seu superior o orienta a passar um período no Vaticano para estudar rituais de exorcismo. Uma vez lá, suas dúvidas e questionamentos só aumentam na medida em que seu contato com o padre Lucas (Anthony Hopkins), um famoso jesuíta exorcista, o apresenta ao lado mais obscuro da igreja. Ao conhecer a jornalista Angeline (Alice Braga), que investiga as atividades do religioso, suas reflexões sobre a crença no diabo e em Deus nâo param de crescer (Fonte)

Antes de entrar no seminário, Michael trabalhava com seu pai numa agência funerária. O relacionamento era problemático. É citado no filme que ou ele seguiria o caminho religioso ou teria que trabalhar na funerária. Esses problemas entre país e filhos com uma funerária no meio lembra muito o seriado SIX FEET UNDER (com o Michael C. Hall, o Dexter). Percebe-se também que o filho era meio covarde, né? Ele era inteligente e poderia ter tentado uma faculdade com suas economias. Preferiu ser submisso ao pai. Talvez o filme enfoque na questão do destino, mas como não acredito nisso, então creio em um Michael comodista mesmo.

Outro filme que me passou pela cabeça foi PREMONIÇÃO. Só que dessa vez quem estava por perto não era a morte, mas sim o demônio (talvez seja a mesma coisa, né?). A cena do acidente de carro foi tão meticulosamente planejada que poderia ter sido facilmente extraída do filme supracitado.

Então Michael, que finalmente tinha tomado CORAGEM de abandonar a carreira, é chantageado pelo seu supervisor. Caso ele saísse, teria que pagar pelos 4 anos de estudos que fez no seminário. Um verdadeiro beco sem saída. Pior: ele não tinha fé no Deus católico. Era cético demais, racional demais.


Em nome de tentar convencê-lo a permanecer na igreja (e encobrir um pouco sua chantagem), o supervisor enviou-o para Roma. Lá, Michael iria aprender técnicas de exorcismo. Cético que era, Michael tinha vários embates com os padres do vaticano. Todo aquele lance de Razão/Ciência versus Fé, que Jack e Locke mostraram muito bem em LOST.

Um ponto bacana foi que um dos padres do vaticano era Ciarán Hinds, o ator que interpretou Júlio César no seriado ROMA. Ótimo ator. Manteve o porte altivo do imperador no padre. Curti a beça. Outro aspecto interessante é mostrar como o Vaticano é um local SUPER RICO. Cheio de tecnologia. Pra quem pensava que o pessoal de lá vive na miséria... reveja seus conceitos. Foram séculos acumulando riquezas na idade média, não é a toa, né?


Impressionante como os padres sabem tantas orações na hora de exorcizar. São milhões de rezas por segundo para afastar o demônio do corpo. A cena dos pregos vomitados, as chagas de cristo, rapidamente me fizeram lembrar de STIGMATA e sua protagonista recebendo furos nos braços, nos mesmos locais em que Jesus recebeu na cruz.

Importante salientar como em países mais religiosos, a fé e a razão tendem a se misturar. Foi o caso do hospital. Quando os médicos nada podiam fazer num caso claro, para o padre Lucas, de exorcismo, a igreja foi chamada para interceder. Esse lance do poder mental faz muito sentido e relaciono com o Efeito Placebo.

Placebo (do latim placere, significando "agradarei") é como se denomina um fármaco ou procedimento inerte, e que apresenta efeitos terapêuticos devido aos efeitos fisiológicos da crença do paciente de que está a ser tratado.

A religião tem esse mesmo efeito placebo para quem acredita em divindades. Não é por acaso que há tantos relatos de pessoas "curadas pela fé". O que vale é se curar, né?


Gostei dos efeitos da possessão. Nada parecido com O EXORCISTA, onde cabeças giravam, pessoas andavam de costas e de quatro pela escada, nada disso. Por outro lado, achei que o protagonista, Michael, não convence como exorcista. Falta timbre de voz, falta firmeza. Até quando ele resolveu acreditar em Deus, não dava essa impressão. Ele tinha um bom discurso nas mãos, mas não soube aproveitá-lo. Faltou ele dar um THIS IS SPARTA no demônio. E o final não foi sombrio como imaginei... filmes de terror PRECISAM ter um final TRISTE, pra fazer os espectadores perderem a esperança na vida e na humanidade.


Em suma, O Ritual é um bom filme de terror, tem umas 5 ou 6 cenas de pular da cadeira (ou rolar na cama no meu caso), não é maçante (apesar de longo), mas a atuação do personagem Michael não convence e o final foi peba demais. Sorte que Anthony Hopkins conseguiu levar boa parte do filme nas costas, mesmo não sendo o protagonista. DETALHE: o filme é baseado em fatos reais. A pergunta que fica é: você acredita em Deus e no Diabo? Porque não é preciso para ter alguns leves sobressaltos! (O mesmo vale para filmes de terror com Aliens, Zumbis, etc).

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