COSTA, Emilia Viotti da. Da monarquia a republica: Momentos decisivos. São Paulo: UNESP, 1999. p. 19-45.

O objetivo da autora neste trecho do capitulo 1 é mostrar o que teria levado a crise do sistema colonial tradicional.
São mostrados como possíveis causas as descobertas e explorações das colônias européias na América; a formação do estado moderno e a associação da burguesia (mercadores e armadores) com a coroa.
“A expansão dos mercados, o desenvolvimento crescente do capital industrial e a crise do estado absolutista” são os fatores determinantes para criação de uma nova teoria econômica visando o livre-cambismo e o fim dos monopólios e privilégios do sistema colonial tradicional.
São citados autores como Adam Smith, criticando a política mercantil, os monopólios, tratados de comercio e trabalho servil, bem como Jean Baptiste Say, denunciando o caráter espoliativo, no qual as colônias não traziam benefícios, apenas oneravam a metrópole, e Raynal, que mostrava os inconvenientes do pacto colonial para os povos da América. Isso se deve ao fato da revolução industrial na Inglaterra não ter dado frutos em Portugal, gerando assim visões distintas de gerir a economia.
Outro fator citado para a crise foi a pressão vinda da Europa e dos EUA aliada a pressão dentro da própria colônia, influenciada pelos ideais burgueses (revolução americana e revolução francesa). Esta influencia era mais difundida oralmente, por aqueles que estudaram no exterior, do que pelos livros. A abertura dos portos e a entrada de mais estrangeiros no país só fizeram intensificar o contato Brasil/Europa e a maior propagação das idéias.

É mostrado que as conspirações elaboradas em Minas, Rio de Janeiro e Bahia foram reprimidas na origem, tendo seus responsáveis punidos. A maior parte da população não sabia o que acontecia. Comenta-se também a influencia dos ideais franceses nestes movimentos revolucionários.
Portugal começaria a perder seu domínio no Brasil quando a França invade a península ibérica, obrigando a Coroa a se mudar para o Brasil. Esta ação acarretaria em um futuro próximo a elevação do status de colônia para Reino Unido. A abertura dos portos pôs fim ao monopólio dos navios portugueses. Os Tratados de Comercio com a Inglaterra beneficiavam mais os ingleses do que os portugueses.
D. João foi bastante pressionado e não conseguiu satisfazer interesses contraditórios (portugueses x ingleses), gerando insatisfação tanto dos estrangeiros como dos brasileiros. O grupo mais descontente eram os portugueses que viviam em Portugal, pois acreditavam que a “culpa” por seus problemas estivesse no fato da Coroa ter se transferido para o Brasil.

A autora nos situa dentro da Revolução do Porto acontecida em Portugal durante o ano de 1820. O objetivo dos portugueses eram trazer de volta D. João VI a Portugal e promulgar uma nova constituição, influenciados pela Revolução liberal ocorrida na Espanha.
A repercussão desta revolução no Brasil teve muitos adeptos, entretanto os motivos para isso eram bastante diversos: Uns queriam a volta do Pacto Colonial, enquanto outros enxergavam no movimento um fim para o absolutismo, monopólios e privilégios.
D. João VI volta para Portugal deixando seu filho, Pedro, como Regente. A população rural continuava alheia ao que estava ocorrendo. Nesta época, o francês Saint-Hilaire percebeu que a maioria não tinha opinião formada sobre o que estava acontecendo e que tudo era fruto de brigas de grandes famílias ou rivalidade entre cidades.
No interior do país, a ignorância é maior. É citado um acontecimento ocorrido no Ceará na qual a palavra ”Constituição” provocou diversas interpretações. Esta mesma região participou da revolução de 1817 “em nome dos ideais nacionalistas e liberais”, ou seja, demonstra uma grande contradição.

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