Inglaterra Absolutista

Introdução

O presente trabalho tem como objetivo mostrar as mudanças e rupturas na transição de uma Inglaterra Medieval para uma Inglaterra Moderna sob a tutela de um sistema monárquico absolutista. Através de aspectos políticos, econômicos e sociais, pretende-se compreender o porque este absolutismo foi tão diferente dos outros regimes absolutistas que marcaram a Europa Moderna.
De início, se fará uma trajetória da Inglaterra como um estado forte, constituído ainda na Idade Média. Em seguida, mostrar-se-a a importância do parlamento para a Inglaterra, bem como a supremacia naval perante as outras nações. Será feito, também, um panorama das anexações da Irlanda e Escócia, mostrando como isto foi possível.
Por fim, mostrar-se-a como a burguesia conseguiu promover uma guerra cívil entre a Monarquia e o Parlamento, ocasionando uma revolução burguesa que promoverá a derrocada do absolutismo na Inglaterra.
Inglaterra Absolutista

Durante a idade média, a Inglaterra era uma estado forte, composto de uma monarquia centralizada, graças aos esforços das dinastias Normanda e Angevina. Contudo, mesmo possuindo a monarquia mais poderosa do ocidente, a forma absolutista de governar era a mais fraca e limitada em relação as outras potências européias, como França e Espanha, por exemplo.
Uma das causas atribuídas ao limitado absolutismo inglês foi a ausência de um exercito permanente e profissional de modo a auxiliar o poder real em suas tentativas de expansão. Além disso, a centralização administrativa fez com que houvesse uma concorrência entre a nobreza e a monarquia, enfraquecendo o poder real.
O Parlamento anglo-saxão surgiu com a união da classe feudal, formada por Barões e Bispos. Tinha, teoricamente, o papel de limitar o poder real. Contudo, em alguns reinados, era usado mais como legitimador de ações. A existência de tal parlamento é tida, também, como um dos elementos do fraco absolutismo na ilha.
A nobreza inglesa era a classe responsável pela expansão do reino; sua força militar era a maior da europa. As suas pilhagens afetaram a França durante a guerra dos 100 anos, bem como a Escócia, Flandres, Portugal e Castela, entre outros exemplos.
A guerra dos 100 anos representou para a Inglaterra sua superioridade estratégica. Além da nobreza, o exercito era composto por recrutas e mercenários. A hegemonia marítima é tida como um mito, pois não havia combates propriamente ditos em mar aberto entre duas embarcações. Estes combates eram mais corpo-a-corpo. Os ataques marítimos eram mais focados diretamente nos portos de modo a promover pilhagens, saques e impedir o comércio do país rival. A dominação Inglesa durante a guerra dos 100 anos não foi justificada pelo poder marítimo.  
A guerra das Duas Rosas promoveu o colapso do poder Inglês na França. A disputa pelo poder real enfraquecia a Inglaterra no cenário externo e interno.
O fim da guerra das duas rosas trouxe a tona o reinado de Henrique VIII. Este foi responsável pela temporária dissolvição do parlamento, criação de uma pequena guarda monárquica, redução dos direitos do povo, fiscalização mais rígida dos impostos e tarifas alfandegárias. Além disso, o rei ampliou seus domínios expropriando terras. Neste período, a Inglaterra acumulou uma grande riqueza.
Neste período, o cardeal detem grandes poderes, sendo o delegado do Papa na Inglaterra. A crise matrimonial de Henrique VIII aliada a ausência de um herdeiro direto ao trono provoca uma alteração da situação política: a Inglaterra promove uma separação com a Igreja Católica, incorporando a Igreja Anglicana ao Estado e tendo no Rei a autoridade máxima. Isto, por si só, promove uma revitalização de uma instituição desprezada.
Henrique VIII, em seu reinado, também abusa de medidas repressivas. Estas geram descontentamento da população, provocando rebeliões na nação. Porem são rapidamente esmagadas. Após a instauração da Igreja Anglicana, os mosteiros são dissolvidos e suas terras expropriadas.
Nesta época ainda não havia um aparelho militar substancial para fortalecer o absolutismo inglês. O exercito é um aspecto essencial para a sobrevivência das monarquias da época.
A Inglaterra crescia internamente, mas perdia o prestigio externo no inicio do século XVI. A França e a Espanha despontavam como as grandes potências econômicas e populacionais da época. Continuava imune, porem, no mar, pois não houve mudanças drásticas nas embarcações marítimas da época.
Henrique VIII tinha sonhos de conquista, mas não possuía recursos humanos e nem focos definidos para sua expansão. A guerra contra a França gastou muito dinheiro inglês, fazendo com que o país se endividasse ao pedir empréstimos e vender os bens adquiridos em um período anterior, quando da dissolvição dos mosteiros.. Estes bens foram comprados pela fidalguia, saindo esta fortalecida.
A nobreza inglesa começa a se desmilitarizar e, junto com a aristocracia, se dedicam as atividades comerciais.
O reinado de Eduardo VII foi marcado por uma política semelhante a de Henrique VIII, com estabilidade política, com focos de revoltas e instabilidades agrárias, rapidamente contornados. Neste período a Inglaterra perde algumas de suas conquistas no continente.
Por um curto período de tempo, Maria I retoma o catolicismo na Inglaterra, mas o anglicanismo é logo estabelecido por Elizabeth.
Elizabeth torna a igreja anglicana submissa, contando com um apoio popular grande. Neste momento o parlamento torna-se cada vez mais independente e os homens do campo passam a contar, cada vez mais, em maior número, a Câmara dos Comuns. Elizabeth promove melhorias no exercito permanente, como o uso das armas de fogo ao invés do arco-e-flecha. Mesmo assim, a inferioridade militar da Inglaterra em terra era contundente. A anexação da Irlanda foi um caso, como cita o autor, de um povo mais organizado contra um sistema de clãs descentralizado. Não fosse por isso, talvez a Inglaterra não fortalecesse os laços de suserania para com a Irlanda.
Elizabeth consegue também, em 1588, deter o maior poder naval da época. Isto contribuiu em dois aspectos: nas futuras expansão das Inglaterra colonialista, bem como no comércio com outras nações. Sem falar das práticas de pirataria.
Seu sucessor, Jaime I, era também Rei da Escócia Ocorreu aí, para a Inglaterra, a anexação de mais uma região: a escocesa. Iniciou-se também a dinastia Stuart. Seu reinado foi marcado por confrontos com o parlamento, pois Jaime acreditava que iria encontrar um parlamento semelhante ao escocês, retraído. Foi responsável pela criação de inúmeros títulos nobiliárquicos de modo a agradar seus favoritos.
Por fim, temos o período onde Carlos I foi soberano da Inglaterra. Assim como seu pai, comprou briga com o parlamento, aumentando impostos sem a aprovação destes. As despesas com as guerras eram tantas que este foi obrigado a abdicar do controle da política financeira e da convocação do exército em função do parlamento.
O absolutismo inglês, quando estava se tornando cada vez mais forte, é interrompido pela revolução burguesa. A guerra civil entre o rei e o parlamento foi o estopim para a decadência da monarquia inglesa.
Conclusão

Percebemos que o absolutismo inglês foi fraco por uma série de razões. A existência do parlamento como órgão político que continha as ações do rei impediu suas ações. Quer queira, quer não, as pessoas estavam representadas no parlamento e estas vetavam qualquer tentativa de opressão do rei e este, quando fazia, perdia apoio em diversas camadas.
Outro aspecto importante que contribuía para esta perda de apoio era a falta de um exercito permanente que pudesse causar temor em seus súditos, fazendo-os respeitar o rei através da força. Contando com a nobreza e uma legião de mercenários, a monarquia não tinha como estabelecer um supremacia militar.
Por fim, outro fator importante e paradoxo é a questão marítima. A Inglaterra necessitava comercializar com outros países e, por ser uma ilha, a única maneira disto acontecer seria pelo mar. A evolução das embarcações teve como consequência direta o surgimento da burguesia e a desmilitarização da nobreza, enfraquecendo cada vez mais o poderio militar.
Referências

PERRY, Anderson. “O Estado Absolutista no Ocidente”; “Inglaterra”. In: _________. Linhagens do Estado Absolutista. Porto Alegre: Apontamentos, 1984.
CORVISIER, André. “História moderna”. São Paulo. Circulo do Livro, [s.d]. Vol. 2, cap. 21, p. 371-387,

CORVISIER, André. “História moderna”. São Paulo. Circulo do Livro, [s.d]. Vol. 1, cap. 12, p. 203-212,

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