LE GOFF, Jacques. Em busca da Idade Média. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. p. 53-85.

A Periodização tradicional da idade média abrange o intervalo de tempo entre 476 (com a deposição do Imperador Romano Rômulo Augústulo) até 1492 (com a descoberta da América por Colombo e a derrota dos muçulmanos para a Espanha cristã). Le Goff critica isto, pois “Nenhuma troca, porém, tem como referência uma única data, um único fato, um único lugar, num único domínio de atividade humana”, ou seja, só poderíamos falar de uma mudança de tempo quando fatores econômicos, políticos, científicos e culturais interagem entre si e formam um novo sistema.
O Termo Idade Média foi cunhado devido ao fato de estar em um período entre a Antiguidade Clássica e ao Renascimento, que para muitos seria uma volta desta Antiguidade. Le Goff diz que “A Idade Média foi dinâmica, fortemente criadora. Mas não o declara”, ela repudiava o novo, pois este era apocalíptico. Esta declaração também é um dos fatores pelo qual ela passa a ser chamada de Dark Ages, Idade das Trevas, concomitante com o fator de ter sido criado (o termo) no século XIX, o século das Luzes.
O Renascimento não pode ser dissociado da História Medieval, pois este período foi a base para os sucessivos renascimentos, as sucessivas reformas que foram feitas, como a de Lutero na Alemanha e a Reforma na Inglaterra.
O Primeiro renascimento se deu com o Império Carolíngio com Carlos Magno. Houveram disputas neste caso sobre a nacionalidade do mesmo, pois o seu estado nacional seria o primeiro centro deste renascimento. O Outro renascimento citado no texto faz referência a redescoberta da Antiguidade Grega com as obras de Aristóteles no século XII.
O Autor apresenta o significado da palavra “Leigo” na Idade Média, que são os “cristãos não ordenados nem consagrados pela Igreja”. As escolas leigas surgem e contrastam com as antigas escolas monásticas. A reforma gregoriana que visava moralizar a Igreja fez com que “se estabelecesse um laicato coexistente com a pratica religiosa”. O Concilio de Latrão IV impulsiona a cristandade do século XI ao século XIII, porem mantém traços antigos da reforma, incitando o preconceito a hereges, judeus, homossexuais e leprosos, tornando-se assim a base para o surgimento da Inquisição.

Le Goff nos diz que para encontramos uma periodização da Idade Média, precisamos encontrar “uma série de momentos” e não “uma grande data”, “um momento”, pois esta noção de Idade Média é aplicada basicamente na Europa. Cita como exemplo os Árabes, a Índia e o Japão, que não são encaixados nesta periodização. Sugere uma periodização em relação a uma cristianização (no ocidente) e uma islamização (no oriente próximo e médio). Teria nascido então de uma aculturação que confunde os costumes greco-romanos com o dos “bárbaros”.

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