Resumo do Artigo: “Uma crítica às teorias clássicas da aprendizagem e à sua expressão no campo educativo”

Sobre a diversidade de teorias da aprendizagem;
As autoras abordam neste segmento do texto as diferentes formas de conceituar o termo “aprendizagem”. O questionamento delas parte da premissa de que se todas estão estudando o mesmo assunto, por que há tantas teorias dispares?
As teorias são agrupadas em dois formatos: a estímulo-resposta e a cognitiva. Suas divergências se refletem no fato em si, nos mecanismos e na sua repercussão ou desdobramento.
Um dos problemas levantados no artigo é que as diferentes teorias sugerem diferentes formas ou tipos de aprendizagem. Segundo HILGARD, “é muito difícil chegar a uma definição inteiramente satisfatória do que venha a ser aprendizagem”.
O ponto comum entre as duas teorias é que eles não estão tentando definir o conceito de aprendizagem, “a controvérsia recai sobre o fato e a intepretação, e não sobre a definição” do fenômeno de aprendizagem.
Sobre a origem da controvérsia entre as teorias da aprendizagem;
Há várias nuances acerca do conceito de aprendizagem. Nesta parte do trabalho, a pergunta que norteia é “serão iguais todas essas aprendizagens?” e são citados vários exemplos, sendo um deles: aprender a andar de bicicleta contra aprender a falar. Seria a mesma coisa?
Para as autoras, os estudiosos da psicologia do final do século XIX e primeira metade do século XX formularam suas teorias baseados em tipos particulares de aprendizagem e, a partir disto, tentaram criar uma teoria geral que pudesse ser aplicada a todos os seres vivos. Esse seria o principal motivo das teorias divergirem tanto umas com as outras.
O viés reducionista das teorias da aprendizagem;
Nesta parte da publicação, logo de inicio, há uma crítica sobre a pretensão de alguns teóricos, como PAVLOV, de tornar seus estudos como lei universal de aprendizagem.
As autoras também citam a questão da armadilha do reducionismo, ou seja, acreditar que as teorias podem ser reduzidas a formas simples de modo a explica-las melhor.
SKINNER propõe que ao invés de se testar teorias já existentes, os estudiosos se voltassem para a construção de uma teoria. Ele alega que estas são tautológicas, ou seja, expressam as mesmas ideias só que de formas diferentes, sem acrescentar nada. Contudo, essa tentativa de teorizar antes da hora é o que as autoras consideram uma falha de SKINNER, afinal ele estaria tratando todos os tipos de aprendizagens como uma coisa só, indo de encontro a sua própria ideia.
Para as autoras, a pergunta correta a ser feita é: “será que para o fenômeno a que chamamos de aprendizagem cabe pretender a formulação de um principio único, de caráter universal e, portanto, totalizante que o explicaria?”. Elas acreditam que a aprendizagem é um fenômeno diverso e que deveríamos tentar compreender essa diversidade/especificidades e não tentar uniformizá-la.
Por fim, conclui-se este parte da publicação com a afirmação de que “a aprendizagem humana é um fenômeno cultural”, ou seja, dependem do contexto da época, das condições socioeconômicas, políticas, etc; e que a aprendizagem acontece ao longo da nossa vida quando interagimos com objetos, acontecimentos ou pessoas.
Aprendizagem escolar: diversidade e complexidade;
Este tópico aborda a questão do conceito de “aprendizagem escolar” e suas ramificações. Apesar da instituição escolar adotar vários tipos de aprendizagem, usa-se aprendizagem escolar para  englobar tudo que lá se aprende.
A escola é tida pelas autoras como o local de “transmissão da cultura elaborada pela humanidade”. A aprendizagem ocorrida em seu meio é um processo de natureza social e não apenas um processo do sujeito individual. O caráter social da aprendizagem é expresso no conteúdo escolhido, nas habilidades trabalhadas, nos papéis sociais representados, etc.
A complexidade da aprendizagem é notada quando determinados processos psicológicos não podem ser dominados por meio da aprendizagem isolada (atenção deliberada, memória lógica, abstração, habilidade para comparar e diferenciar).
Segundo a Teoria da Subjetividade, a aprendizagem é, na perspectiva histórico-cultural, “um processo da subjetividade na sua simultânea condição de subjetividade individual e subjetividade social”.
As autoras consideram a possibilidade de teorias integradoras e unidas como distante e, até certo ponto, ilusória.
Trabalho pedagógico e concepções sobre a aprendizagem.
Nesta última parte da matéria, as autoras mostram como, mesmo de forma inconsciente, os professores possuem uma ou mais teorias que guiam o seu comportamento em sala de aula.
Foi realizada uma pesquisa em escolas e foram constatados vários aspectos, dentre eles: a) a aprendizagem ocorre a partir do meio exterior para o interior (sujeito que aprende) b) a aprendizagem está associada a questão da aplicabilidade c) aprendizagem ocorre quando há interesse no assunto d) as formas de aprender variam entre recursos tecnológicos, espaços, situações contextuais, agindo e processos mentais e) predominância na formação técnica do professor como aspecto fundamental.
Baseado nas declarações da pesquisa, as autoras encontraram três elementos que definem o processo de ensino-aprendizagem: conteúdo (a ser ensinado), professor e aluno.
Aspectos julgados importantes presentes no artigo
A crítica das autoras acerca das diversas teorias sobre educação e a tentativa de generalizá-las para todo o mundo é bastante pertinente. Já há um consenso, por parte das mesmas, de que por ser um processo social, a aprendizagem se dá de diferentes formas e em diferente lugares, cada um com suas especificidades. É importante compreender essas especificidades para que se possa criar/adaptar um modelo para a instituição escolar que privilegie o universo real dos alunos e professores, já que estes também são produtos do meio e possuem suas particularidades.
Essas características singulares de cada teoria vêm reafirmar, o que acredito ser, o argumento principal para mostrar que há diversos tipos de aprendizagens.
A instituição escolar não é um instrumento apolítico. Ele não está à margem da sociedade, mas é o próprio reflexo da mesma. O que se estuda no colégio se baseia nas necessidades desta sociedade. Não se reconhecem as diferenças, pois há uma tentativa de homogeneização dos conteúdos, formas de ensino. Nada mais claro neste aspecto de homogeneidade do que usar um fardamento escolar que esconde as particularidades de cada aluno.
Outro ponto importante é a questão de, mesmo inconscientemente, os professores serem guiados por uma ou mais teorias de ensino. Mesmo que nunca tenham estudado a mesma, eles usam-na para corroborar suas atividades em sala de aula. É aí que entra a melhor parte do artigo, a pesquisa dentro da instituição escolar.
Dominar o conteúdo da disciplina é o requisito-chave mais citado nas respostas. Entendo que isso seja o mínimo que o professor deva saber, afinal foram anos na graduação e talvez especializações e pós. Acredito que o papel principal do professor em sala de aula é deixar os seus alunos inquietos, no sentido de fazer com que eles tomem a palavra e iniciem discussões. É tomar algo que está consolidado na cabeça do mesmo e mostrar uma nova faceta. É papel do professor fazer as perguntas certas para tirar o aluno da letargia. Esse mesmo aluno que sai da inércia é o que ganhará interesse pela disciplina (mesmo que seja apenas temporário). Mais do que um educador, o professor tem que ser, também, um incitador.
Em relação à questão de conhecer a turma genericamente, é fora da nossa realidade acreditar que um professor tem condições de conhecer especificamente cada aluno de uma turma de 40.O salário baixo impede o professor de se dedicar a apenas um grupo de alunos e este acaba tendo que abarcar outras turmas para manter sua situação financeira em dia.

O ponto mais interessante do texto, para mim, foi a seguinte frase: “a referencia ao dialogo pode significar apenas o consentimento para que o aluno expresse a sua opinião, e não ouvi-lo, verdadeiramente”. Esta condescendência é muito comum em sala de aula. Dar voz ao aluno não significa apenas deixa-lo aberto a se expressar e prosseguir a aula logo em seguida, mas sim debater com ele e com o resto da turma para perceber se há um conflito de opiniões. Isso serviria para o aluno aprender a raciocinar rapidamente de modo a argumentar verbalmente.

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