SCHMIT, Jean Claude. Dicionário temático do ocidente Medieval. Vol. 1 e 2. São Paulo: Imprensa Oficial, 2002. p. 437-455.

Os termos envolvendo o feudalismo na Europa medieval têm inúmeros significados. Boa parte destes foram produzidos durante o século XVIII. A Idade Média era tida como “fatos insignificantes afogados no obscurantismo”. Este movimento anticlerical inspirou muitos pensadores, um deles Rousseau, que declarou: “Aquele que ousar dizer ‘Fora da Igreja não há salvação’ deve ser expulso do estudo”. A Declaração dos direitos do homem instaurava que a religião era uma opinião de cada cidadão.
O termo “religião” para analisar realidades anteriores ao século XVIII, a liberdade de consciência e o embate entre a burguesia e o obscurantismo são três pontos interligados a evolução do estudo da história da Idade Média. Para Adam Smith, qualquer entrave ao comercial era o resto danoso da “anarquia feudal” pela qual a Idade Média tinha passado. Voltaire e Gibbon concordam com ele: “a luta da burguesia contra a anarquia feudal era o principal motor da civilização”.
O Dominium era uma forma de dominação bipartida em relação aos homens e as terras. O Conceito de dominação proposto é relativo a disparidade numérico do dominante, contra a maioria dos dominados. Implica uma relação desigual e assimétrica. A produção e a troca não tinham consistência e o comercio estava a margem. “A Ecclesia foi instituição dominante do sistema feudal europeu (...) na medida em que todos os habitantes da Europa medieval estavam obrigatoriamente relacionados com ela”. Desta forma, toda a sociedade européia, com exceção dos judeus, fazia parte desta Ecclesia. Sua relação com o dominium implicava na junção entre o espiritual e o material. A Europa do século XIX adaptou muitos termos de origem medieval com sentidos diferentes do original. Isto dificulta ainda mais o trabalhado dos historiadores em relação aos anacronismos. A Ecclesia e o Dominium foram deixados de lado, dando papel a Religião e a Economia, fazendo com que a Idade Média tivesse adquirido um caráter anárquico.
O Final do século XIX foi marcado por um grave recuo do racionalismo. Os trabalhos dos medievalistas do século XX, baseados nas aquisições práticas do século XIX, resultaram em erros de perspectiva e contra-sensos, mostrando uma Idade Média, irracional e não explicativa. As ‘Lutas Políticas’, ‘Desenvolvimento Econômico’ e ‘Preocupações Religiosas’ são considerados intrínsecos a sociedade medieval. É usado um senso comum; carece de uma critica.

A obra é finalizada com dois modos de se conceituar o feudalismo: cair no senso comum apelando para os efeitos do acaso ou então estabelecer uma lógica geral de uma civilização para podermos compreendê-la.

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