Usos do Celular em Sala de Aula

A relação entre educação e tecnologia na contemporaneidade é um assunto riquíssimo a ser estudado. Pensa-se em tecnologia em educação como algo moderno, inovador, que facilite a aprendizagem. Ressalvo que temos que ter em mente que tecnologia não é apenas esses aparatos movidos à eletricidade. Um quadro-negro e um giz é, sim, uma forma de tecnologia. Uma sala iluminada é tecnologia, principalmente no Brasil e na escola pública, onde escolas não oferecem infraestrutura adequada para a prática docente. Não devemos desprezar essas “tecnologias” por parecerem arcaicas. Elas estão tão presentes no nosso cotidiano que não percebemos, ainda assim sua ausência é sentida a primeira vista.

Todavia, neste texto, enfocaremos o lado tecnológico no sentido de novas descobertas no ramo cientifico que podem ser utilizadas em sala de aula. Seja datashow, computadores, tablets, internet, etc.

A tecnologia (celular) em sala de aula.

Escola pública e privada tem um grande ponto em comum: os professores ficam bastante irritados quando um celular toca durante a aula. Quem, como aluno ou professor, não vivenciou essa situação? O silêncio é rompido pela música da moda ou um clássico, em versão polifônica, de Beethoven ou Mozart.

O celular, como aparato tecnológico, torna-se um problema quando não é utilizado corretamente em sala de aula, mas suas aplicações práticas podem corrigir isso. É possível acessar a internet, tirar fotos, fazer filmagens, gravações, anotar rascunhos de informações, ouvir músicas e, veja só, fazer ligações.


Como o professor pode trabalhar com isso?

Com imagens e fotos: em uma aula de artes ou história é possível procurar imagens de pinturas clássicas e pedir aos alunos que a reproduzam. As fotos seriam tiradas com o aparelho e depois impressas e postas num mural.

Com filmagens: os alunos podem encenar cenas de determinados períodos históricos (a morte do Romano Júlio César no senado) baseados no que aprenderam em sala de aula e/ou assistido em filmes de época. É possível até pedir que um dos alunos promovesse uma edição no computador de modo a presentear a turma com todas as cenas em um único DVD.

Com gravações: para verificar o impacto das noticias na população (seja em sua rua, bairro ou cidade), os alunos podem coletar depoimentos sobre o que as pessoas acham de um determinado assunto. Assim seria possível mostrar a pluralidade de opiniões e os diferentes pontos de vistas. O trabalho seria baseado em perguntas pontuais.

Com música: analise de letras de músicas de determinados períodos históricos ou que remetam a tal época podem ser feitas pelos alunos em conjunto com o professor, de modo a serem percebidos os principais assuntos retratados. Músicas populares que falem sobre o momento atual ou que são voltadas a determinado público também são dignas de analise.


Recentemente o governo disse pretender distribuir tablets (pequenos aparelhos eletrônicos, uma espécie de computador em miniatura) em escolas públicas. Sobre isso, a seguinte citação:

“É como se os objetos técnicos pudessem, por um passe de mágica, garantir qualidade na educação. Em muitos casos, ocorre transposição, para novos meios, dos conteúdos tradicionalmente ensinados nas salas de aula” (Fonte)

Um tablet, se bem manuseado, pode auxiliar a promover o conhecimento a determinados alunos, mas por ser uma tecnologia nova, é difícil prever os impactos gerais. Um tablet pode vir a substituir um livro didático e um computador ao mesmo tempo, mas é apenas isso que ele é. Um substituto. Sem um professor capacitado que sirva como mediador, o tablet é apenas um aparelho.

Um outro exemplo a esse respeito é o uso de datashow: este veio substituir o giz e o quadro-negro pelos slides do PowerPoint. É, sem duvida, mais prático, mais organizado, talvez até mais didático, mas também é um substituto. O conteúdo e a forma de expô-los são mais importantes.
Ninguém há de ser contra a implantação dessas tecnologias, desde que a infraestrutura física e pessoal exista na escola pública. Não é o caso na maioria delas, por isso muitos são contra a distribuição. Alegam que precisam resolver os outros problemas. Mesmo considerando esta como uma medida populista, acredito que a distribuição é um avanço. Não é por ser omisso com a infraestrutura básica que não se deve reconhecer estes poucos avanços.


“Uma educação de qualidade demanda, entre outros elementos, uma visão crítica dos processos escolares e usos apropriados e criteriosos das novas tecnologias.” (Fonte)

Não basta trazer para a sala de aula a tecnologia. É preciso saber como utiliza-la e não apenas repetir as mesmas aulas de antigamente com um material tecnológico melhor. É preciso dialogar com o moderno e não aceitar que o novo irá te ensinar. De que adianta ter uma enciclopédia infinita a um clique (Wikipédia) e não conseguir se prender a leitura, não checar as fontes citadas no artigo, não refletir sobre o tema, não fazer conexões com a sua realidade?

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