Uma partida de futebol

Sábado, sem nada para fazer, sou convidado por Igor para assistir ao jogo do time dele, o América (de Natal).

- Você vai pagar pra mim?
- Não, eu sou sócio-torcedor, meu pai viajou e tenho um cartão de sócio-torcedor (usado para trocar por ingressos) sobrando, vamos?
- Bora.

Primeiro contratempo do dia: o transporte. O jogo era em Parnamirim, cidade vizinha a de Natal. Os meus professores de geografia falavam que isso era um estado de conurbação, ou seja, "conjunto formado por uma cidade e seus subúrbios, ou por cidades reunidas, que constituem uma seqüência, sem, contudo, se confundirem" (Dicionário Aurélio). Contudo eu não vi nenhum prédio durante todo o trajeto de ônibus para a cidade. E prédio é o que não está faltando em Natal. Voltando ao assunto. Depois de pegar dois ônibus aleatoriamente, chegamos ao local. Seguimos a turba selvagem de torcedores e encontramos o estádio.

E, nossa, que estádio! Parecia era um campo de várzea. A grama parecia um pasto. Alternatividade futebolística total! Mas o que eu estava esperando? O nome do estádio era Gonzagão. Ten. Luiz Gonzaga, nada a ver com o rei do baião.

Fomos para fila. O jogo começa as 15:30, chegamos as 15:00. Fila pequena. Sol de rachar. Um vendedor de bonés oferecia-os por R$5,00. Pensei em comprar, mas como sou torcedor do time rival, o ABC, desisti. Chegou a nossa vez. Fomos trocar o nosso cartão de sócio-torcedor por barras de ouro que valem mais do que dinheiro por um ingresso. Infelizmente era a fila errada e não tinha nenhum aviso. Fomos para a outra fila. Errada de novo. Uma terceira fila se formou no meio dessas duas e não havia nenhum guichê para atender. Seria a certa? Era. Incrível. Isso porque Igor era sócio.

Ah, vimos gringos na fila. Duas femininas e um exemplar masculino. Tinham cara de suecos. Todas as pessoas brancas e loiras tem cara de suecos, principalmente as mulheres. Veja que este post tem tudo a ver com o jogo de hoje, Brasil 4x0 Chile, que ocorreu na Suécia. Galvão, você deveria estar aqui. Turismo futebolístico.

Já dentro do estádio, vimos as figurinhas carimbadas de sempre nesse tipo de partida. Catadores de lata, pipoqueiros vendendo suas pipocas murchas, torcedores com camisas de times antigos, pessoas assistindo os jogos diretamente do conforto do seu lar seu tetom, vendedores de coxinhas, pastel de vento, chicletes e cerveja (só tinha Nova Schin). Apesar do calor, só tinha UMA pessoa vendendo água. Tive que garimpar muito no show do intervalo para encontrá-la.

Vamos ao jogo. Guamaré x América. Time de verde x Time de vermelho. Foi um bom primeiro tempo. O América tentava criar, mas sem muito sucesso. As bolas paradas eram suas únicas chances (ressalto que o time em campo era o reserva, já esta era a última partida da primeira fase e o América já estava classificado com mais de 5 pontos de diferença para o segundo colocado). O Guamaré jogava no contra-ataque e em um desses, o zagueiro americano deu bobeira e acabou fazendo um penalti idiota. Filmei a cobrança. Vejam abaixo o gol de Paloma pelo Guamaré.


Intervalo. Fui garimpar minha água, como dito anteriormente. Tive uma visão do inferno quando encontramos (lembre-se, Igor estava comigo) um homem urinando atrás do estádio, já que não tinha banheiros no local. Ele disse que não viu. Eu não acredito nele. Observamos o homem da caixa d'água, o homem do muro, o torcedor caricato com uma camisa do Corinthians da época de Tupãzinho e os aviões da TAM saindo do aeroporto.

Inicio do segundo tempo. O América volta com tudo e cria várias chances de gol. E perde-as como ninguém. Eis que então Souza entra em campo. Souza, aquele mesmo que jogou no Corinthians e participou de alguns jogos na seleção brasileira. Souza. Chamado pelos torcedores de Showza. E realmente ele fez a diferença.

Sua entrada faz com que os primeiros incentivos da torcida, até então calada, manifestem-se. Quase aos 30 minutos do segundo tempo, após um cruzamento, o zagueiro Douglas concluí de cabeça para o gol. O empate faz novamente a torcida ficar euforica. Este gol eu não filmei. Lamento. Souza estava fazendo a diferença. Ele não corria, a bola corria. Os passes eram todos na medida e os dribles desconcertavam o time adversário. Então alguém sofre uma falta. E Souza vai bater.


E é gol. Perto do alambrado, os torcedores gritavam "Souza dá um alô pra gente", "Souza você é nosso rei", "Souza...", etc. Ele até perdeu a bola uma vez ao ficar rindo com o que os torcedores diziam. Enquanto isso, o time adversário era alvo de chacotas. "Filho da puta", "Viado", "Seu merda" e outras ofensas. Era um jogo de uma torcida só, não é mesmo?

Fim do jogo. Guamaré 1x2 América. Saio satisfeito por ter algo para escrever aqui. Igor sai satisfeito pela vitória do seu time. Seguimos a turba pacifica americana para encontramos uma parada de ônibus e voltarmos para casa.

Lances do jogo:



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