Coerência e Coesão

Era tudo que ela queria. Não suportava um acento escrito errado. Uma vírgula fora de lugar. Um "ão" no passado ao invés de "am". Um questionamento se o certo era "ss", "xc", "c" ou "ç". Ela tentava fazer tudo certinho. Acreditava que a compreensão era primordial para comunicação. Se fazer entender era o principal. E uma vírgula fora de lugar, meu amigo, acabava com o contexto. Foi o que ela me disse.

Então ela ia lá e corrigia. Parecia errado pra quem via de fora, mas pra ela não. Quem vê cara, não vê coração. Sua intenção era boa. Trocava as palavras por outras mais apropriadas, fazia o sujeito concordar com o predicado, as orações serem separadas pelas vírgulas e suprimia as saudações não condizentes. "Excelentíssimo senhor papa fulano de tal"? Não. Nunca.

Ser prolixo também não era com ela. Seu lado lacônico predominava. Concisa, demonstrava clareza em poucas palavras. Comunicava o essencial sem exagero expressivo. Era precisa, procurava sempre utilizar a palavra certa para dizer exatamente o que queria. Na maioria das vezes era bem metódica. Não era muito de ficar com papo-furado.

E, claro, ao fim de toda correção, se não ficasse bom, ela modificava tudo. As idéias devem ficar bem concatenadas. Sempre. Cautela nunca é demais!

Contudo, todavia, entretanto, por outro lado e infelizmente, a maioria não a entendia. No entanto, a unanimidade é burra. Ela acreditava piamente em Nelson. E adorava ditos populares.

Contribuiram: COCENTINO, Breno e LAÍS, Geni.

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