Compramos um Zoólogico (We Bought a Zoo)

Seis meses apos perder mulher, homem ainda tenta se reerguer da sua antiga vida. Para cuidar melhor da sua família, que sente também a falta da mãe, acaba dando uma guinada radical no seu estilo de vida, comprando uma propriedade que contem um zoológico.


Uma coisa bastante perceptível NA VIDA é que seres humanos precisam superar alguns fatos se desapegando de certos objetos e adquirindo novos. Como roupas e uma casa. Até mesmo PESSOAS, né? (Não, isto não é uma APOLOGIA ao escravismo).

Benjamin, o protagonista, faz parte desses seres PLURICELULARES que, para superar um trauma pessoal (e familiar), acaba tomando uma decisão ousada: morar e cuidar, junto com seus dois filhos, de um zoológico.

A menininha mais nova aceita tudo de bom grado. Viver com os animais? Que ótimo! Já o garoto está ARREDIO. Não quer abandonar a zona urbana. Nem ao menos fica empolgado quando a LOIRINHA da fazenda quer ALGO MAIS QUE AMIZADE com ele (bem diferente de Ponte para Terabítia).


Mesmo com SCARLETT JOHANSSON como ajudante, as coisas no zoológico não são moleza, pelo contrário: o local conta com animais em extinção e não tem qualquer tipo de ajuda financeira do governo. A família - leia-se: Benjamin - vai ter que lidar com a dupla tarefa de investir, administrar e tornar o ZOO rentável (lucrativo) concomitante a cuidar de seus filhos. E não é fácil.
"Nada do que você disser vai ser pior do que o que eu disse a mim mesmo" (Pai para o filho)
O vilão antagonista da história é o inspetor. O rapaz que irá verificar se tudo está correndo segundo os conformes do IBAMA americano (ou algo do tipo). Achei a situação bastante superficial. Por que o inspetor é tão cruel? Por que JOGAR AREIA nas tentativas de melhoria? Para onde iriam os animais caso as reformas não fossem suficientes? Nada disso ficou explicito. 


Acontece também, pra mim pelo menos, todo um questionamento sobre o sacrifício de animais. Tenho essa ideia, talvez errada, de que os animais são sacrificados mais para o nosso bem (pois não suportamos vê-los sofrer) do que para o bem deles. Talvez seja por isso que a EUTANÁSIA seja um tema tão polêmico. Porque fazemos de tudo para manter nossos semelhantes perto de nós. Um cavalo quebra uma perna? Mata. Um humano perde uma perna? Implanta outra. Compra uma cadeira de rodas. DÊ SEUS PULOS.

O sofrimento do tigre é analogia para perda da mulher/mãe. Provavelmente Benjamin fez de tudo por ela, mas simplesmente não foi possível salvá-la. O mesmo ocorre com o tigre. É difícil entender que somos impotentes perante algumas situações. Como a morte. E é mais complicado ainda quando precisamos tomar decisões que afetam nós tanto quanto os outros. Por isso ele não queria que o tigre morresse, por isso lutou e adiou tanto o sacrifício. Não era possível suportar tanta dor. Porem, quando finalmente Benjamin percebeu a INEVITABILIDADE e o "libertou", foi quando conseguiu ganhar forças e criar coragem para seguir adiante com sua própria vida.


Vale também destacar a perspectiva de um pai solteiro. Se para uma mulher, criada numa sociedade machista onde ela precisa exercer dupla jornada, já é difícil conciliar filhos e trabalhos, imagine para um homem que não possui essa educação desde criança. Benjamin não sabe o que fazer. A imagem acima ilustra bem como a criancinha percebe isso e começa a "amadurecer" desde pequena. E o pai sofre com isso, né? Ele quer que seus filhos tenham uma infância, que se divirtam, que saiam para brincar, que façam coisas de criança. Por isso sua VÁLVULA DE ESCAPE acaba sendo o zoológico. Onde ele poderia conciliar o lado trabalhador com o lado afetivo, participando do crescimento de seus filhos.


O irmão de Benjamin, Duncan, é um dos que acreditam que o empreendimento não vai ser bem sucedido devido a falta de experiência do irmão em assuntos administrativos. Mesmo assim, como família, tenta apoiá-lo. E é bonito quando ele, RESIGNADO, resolve ajudar o irmão, trazendo peixes para alimentar os animais. 

Há também a solução inesperada. O Deus Ex Machina. Quando tudo parecia DEGRINGOLAR, o que acontece? O protagonista encontra, no bolso de uma camisa antiga, um papel de deposito feito por sua falecida mulher com dinheiro suficiente para resolver os problemas do zoológico e não cair na PINDAÍBA. Lembrei daquele filme P.S. EU TE AMO. 


Últimos comentários: a ótima trilha sonora do Jónsi da banda Sigur Rós. Adequada a todos os momentos do filme; o bizarro fato de se empolgar ao ver ratos mortos ao invés de ter nojo pelo simples motivo dos mesmos servirem de comida para as cobras do zoo; a expressão mais preguiçosa do século 21, "tanto faz"; e a frase "tudo que precisamos é de 20 segundos de coragem constrangedora para conseguir algo bom". Se "YES MAN" me motivou a dizer SIM para a vida, essa outra frase aí também serviu pra muita coisa.



E o final, hein? Ele contando como conheceu a mãe. NEM PRECISOU DE NOVE TEMPORADAS.

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