"O BOY TÁ TENDO UM INFARTO!"

O carro daqui de casa resolveu dar problemas nos últimos anos. O último foi esse aí da imagem abaixo. Parece um barquinho navegando em mares tranquilos, né? Na verdade isso é o alerta de temperatura do líquido de arrefecimento, ou seja, alguma coisa tá muito quente a ponto de, SE BRINCAR, fundir o motor do carro.


Enquanto o carro tá aos cuidados dos médicos competentes para ser curado, voltei para velha rotina de pegar ônibus. Particularmente não gosto de dirigir, então andar de ônibus é uma atividade ANTROPOLÓGICA, principalmente quando se consegue um lugar para sentar.

Hoje aconteceram várias situações de sorte e azar que tem a ver com ônibus.

Primeiro de tudo, hoje era mais um dia da mobilização da Revolta do Busão. Sendo assim esperava-se grandes congestionamentos. Nada que me incomodasse. Porem Natal estava bastante FORA DO COMUM hoje. Árvore caindo e interrompendo o trânsito, carros fazendo papel de lanchas... uma dia bastante ATÍPICO.



Baseado neste cenário, a XEROX da UFRN liberou os funcionários mais cedo, óbvio, pressupondo que as manifestações tomariam a noite inteira, os ônibus parassem de circular e uma arca tivesse que ser construída para abarcar os escolhidos. Eu teria um seminário para apresentar e sempre crio um "guia de fala", onde anoto os pontos que devo abordar. Como eu iria imprimir, se a xerox estava fechada?

Como sou ILUMINADO, a xerox do Setor 2 estava aberta. Numa atitude de puro ALTRUÍSMO (o contrário do egoismo), o rapaz estendeu seu horário (não era sua obrigação) de modo a atender os alunos. Um grande SALVA DE PALMAS para ele. Cheguei na universidade as 20h e ele poderia ter ido embora já as 19h30. Iria ficar perdidinho na apresentação se não tivesse impresso isso. 

Enfim.

Após a apresentação do seminário (com sucesso, assim espero), me dirigi a reitoria para pegar o circular da UFRN. Chuva e areia é uma mistura perfeita para escorregões. Fui entrar no circular, pisei em falso e escorreguei. Cai com o joelho apoiado no último degrau e em seguida me levantei rapidamente e fiquei em pé, parado, estático, procurando pelo par da minha sandália. O grupo de meninos que atrás de mim, pronto pra subir, tiveram um susto com o barulho da minha quase-queda e quando me viram em pé, parado e em silêncio, um deles gritou: ""AJUDA AQUI, O BOY TÁ TENDO UM INFARTO!". O circular, que não estava lotado, tampouco vazio (essa frase não disse nada), ficou em silêncio e todos voltaram seus olhos pra mim. "VOCÊ TÁ PASSANDO BEM, CARA?!?!" Olhei pra ele e disse "Perdi o par da minha sandália...". O ônibus inteiro deu um grande "Ah....". O calçado estava debaixo da roda traseira direita do circular. O rapaz, bastante GENTIL, fez o favor de se abaixar e pegá-la, mas nesse mesmo momento o motorista do ônibus pisou no acelerador e todos gritaram "PÁRA, PÁRA!". Mas foi só um pisão mesmo, o carro nem chegou a andar. 

O garoto me entregou a sandália e subi.



Todos me olharam com aquele sorriso. Aquele sorriso de PENA e de SCHADENFREUDE, né? "Pobre garoto, escorregou na frente de todos". Os meninos que me SOCORRERAM ficaram conversando lá na frente "pensei que o BOY estava morrendo, já ia chamar a SAMU!". Eu sentei, ri também e dois minutos depois todos se ACALMARAM.

Só que aí... 

Chegou a hora de descer. Aparentemente eu não estava no domínio completo das minhas funções corporais. Quando desci, meu headphone se enroscou na porta. Eu fui, ele ficou e quase eu escorrego de novo. Ele caiu, mas nada aconteceu. A menina aleatórioa que estava atrás apanhou-o do chão e entregou para mim ao mesmo tempo em que olhou nos meus olhos e disse: "HOJE TU TÁ SE DESMANCHANDO TODINHO, HEIN, MEU FIH?".

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