domingo, 27 de junho de 2021

Misery - Louca Obsessão

 Eu gosto de histórias de terror, especialmente aquelas que a maldade é feita pelos humanos. Porque se tem algo que a gente é bom é em fazer coisas ruins. Só que eu não acreditava que conseguiria ter essa sensação de medo ao ler um livro de terror. O que é bem burro da minha parte, já que se tenho outras emoções lendo, por que não essa? Enfim. Quando era mais burrinho que hoje, tive vários livros de Stephen King que não dei cabimento por causa das explicações acima e por isso acabei dando/vendendo sem bem sequer tentar. Dos filmes gosto bastante: meu favorito dele é O Nevoeiro, seguido de perto pela Tempestade do Século e A espera de um Milagre


Só sei que conversei com uma pessoa recentemente que gostava de terror e de Stephen e mesmo depois de ter falado as coisas acima, ela recomendou o livro Misery, que talvez faria mudar minha perspectiva. 


SPOILER: mudou. 


Comecei a ler o livro e tive um déjà vu: "eu conheço essa história". E conhecia mesmo! Era a adaptação de um filme que aluguei chamada Louca Obsessão. Não lembrava do desenrolar da história, mas o sentimento de agonia não foi esquecido. A sinopse é: escritor sai de carro na neve com o único manuscrito do seu último livro, sofre acidente e é resgatado pela sua fã número um que também é enfermeira e mentalmente instável.


A caracterização de Annie Wilkes, a vilã, me lembra bastante a Tia Lydia da série The Handmaid's Tale. Até googlei pra saber se eram as mesmas atrizes. Não eram, mas o biotipo é semelhante e a personalidade é idêntica no sentido de alguém que prática o mal e está crente que faz o bem. A lavagem cerebral, no livro, que ela tenta fazer em Paul, o protagonista, traz muitos paralelos com outra personagem de Handmaid's, Janine. 


Como conseguimos ter acesso aos pensamentos do protagonista, sabemos o que ele está pensando. Uma das coisas que me incomodou, de um jeito bom, é quando Paul está com o raciocínio confuso e seus pensamentos deixam de ter vírgulas pra expressar isso. Tudo fica embaralhado para o leitor. Adorei.


Perturbador também são os problemas nas teclas da máquina de escrever. Em determinadas partes do livro temos que ler o livro dentro do livro e se pra mim foi CHATO PRA CARAMBA só ler (confesso que quis pular esses trechos), imagine Paul. Dá pra sentir a angustia!


Curti bastante a ideia do livro como metalinguagem, já que é um escritor escrevendo sobre um escritor que escreve. Me pergunto o que S.K. pensa do seu fandom e se as dicas sobre escrita devem ser levadas a sério. Algumas parecem ter um fundo de verdade.


Por fim, perto do final da história, Paul cogita queimar todo seu trabalho. Isso me lembrou uma cena em House of Cards onde monges passam o dia inteiro, meticulosamente, criando uma mandala de areia para, depois de realizado todo o trabalho, destruí-la, para mostrar a efemeridade da vida.


Ah, a brincadeira do "Sai dessa!" estimula bastante a criatividade. Como Annie fala: não precisa ser realista, só precisa ser honesto (a famosa verossimilhança)


(Anotei alguns filmes/livros que foram citados e fiquei com vontade de consumir: senhor das moscas, o prisioneiro de zenda, o mundo segundo garp)

sábado, 5 de junho de 2021

Supercub

Primeiro: imagine a primeira vez que você dirigiu (pode ser uma bicicleta)


Agora vamos ao post


A cada estação do ano (são quatro, apesar do Brasil só ter basicamente duas!) surgem novos animes no Japão e nos últimos dois anos criei esse hábito de assistí-los enquanto estão sendo lançados. Acho mais prazeroso e fácil assistir 20 minutos e discutir semanalmente os episódios, do que maratonar (não que eu não maratone, só é mais difícil prender a atenção por tanto tempo)


Antes de cada temporada começar, leio as sinopses do que vai estrear, vejo o estúdio, a equipe, se acho bonito o desenho dos personagens e preparo uma lista preliminar dos primeiros episódios que vou assistir. Se gostar, continuo, senão interrompo alí mesmo


Nesse trimestre teve um anime dessa lista, esse da imagem, que não dava nenhum cabimento, baixíssimas expectativas e foi o que mais me surpreendeu


Se chama SUPER CUB e conta a história de uma garota que apenas vê os dias passarem. Ela sobrevive. Não tem família, não tem amigos, só vai e volta pra escola de bicicleta. Até que um dia ela vê alguém chegando no colégio de moto, pensa sobre todo o cansaço de pedalar, e resolve comprar uma. Assim DO NADA mesmo


E essa é a história de todos os episódios até agora (nove, de um total de doze). A história da relação de uma menina com a sua moto. Foi com ela que Koguma (a garota) catalisou mudanças na sua vida. Fez amigas que também andavam de moto, explorou novos locais, adquiriu confiança para dirigir mais rápido (sempre ia na metade do limite máximo), começou a fazer delivery, ganhar um dinheiro extra, teve problemas com o veículo e estudou para repará-los, adquiriu produtos para sua segurança. Tudo é sobre elas duas


Super Cub é um anime bem contemplativo: não tem muitos diálogos, a trilha sonora é exclusivamente instrumental, as paisagens são deslumbrantes, as motos existem na vida real (a Honda patrocina o anime)


Talvez Koguma não precisasse da moto em si, mas certamente foi o empurrão necessário pra que desejasse mudanças em sua vida. É pelo que a moto fez pela vida de Koguma que ela abre esse sorrisão. E é pra ver ela sorrindo e se descobrindo que tô adorando esse anime


O que te motiva?

quinta-feira, 3 de junho de 2021

Importância

 Incrível como algumas coisas que fizeram sentido em determinados momentos de nossas vidas perdem completamente a importância tempos depois. Hoje vou dar o exemplo do LoL.


É um jogo viciante: quando perde você quer jogar de novo pra ganhar e quando ganha quer jogar de novo para continuar ganhando. Isso aconteceu comigo principalmente quando todos os amigos pararam de jogar e minha única diversão estava em vencer e não mais em conversar com eles. E aí, eventualmente, a chave na minha cabeça virou e percebi que não valia o estresse.


Basicamente desde março de 2020 que não jogo lol. Primeiro por causa desse estresse e segundo porque meu pc quebrou meses depois (mesmo se quisesse não teria nem como).


Em fevereiro e agora em junho os planetas se alinharam na cabeça da minha prima e ela me emprestou o notebook. Fiz a melhor de 10 num primeiro momento e nesses últimos três dias consegui chegar no ranking ouro. Meu eu do passado não estaria satisfeito com isso, iria tentar alcançar o platina porque "mereço", mas quem eu sou hoje não liga. Já garanti minha skin vitoriosa de um jogo que não faz mais parte da minha vida como antes. E tá tudo bem.


Me diverti, não me estressei, joguei com os personagens que gosto. Foi bom.