Misery - Louca Obsessão
Eu gosto de histórias de terror, especialmente aquelas que a maldade é feita pelos humanos. Porque se tem algo que a gente é bom é em fazer coisas ruins. Só que eu não acreditava que conseguiria ter essa sensação de medo ao ler um livro de terror. O que é bem burro da minha parte, já que se tenho outras emoções lendo, por que não essa? Enfim. Quando era mais burrinho que hoje, tive vários livros de Stephen King que não dei cabimento por causa das explicações acima e por isso acabei dando/vendendo sem bem sequer tentar. Dos filmes gosto bastante: meu favorito dele é O Nevoeiro, seguido de perto pela Tempestade do Século e A espera de um Milagre
Só sei que conversei com uma pessoa recentemente que gostava de terror e de Stephen e mesmo depois de ter falado as coisas acima, ela recomendou o livro Misery, que talvez faria mudar minha perspectiva.
SPOILER: mudou.
Comecei a ler o livro e tive um déjà vu: "eu conheço essa história". E conhecia mesmo! Era a adaptação de um filme que aluguei chamada Louca Obsessão. Não lembrava do desenrolar da história, mas o sentimento de agonia não foi esquecido. A sinopse é: escritor sai de carro na neve com o único manuscrito do seu último livro, sofre acidente e é resgatado pela sua fã número um que também é enfermeira e mentalmente instável.
A caracterização de Annie Wilkes, a vilã, me lembra bastante a Tia Lydia da série The Handmaid's Tale. Até googlei pra saber se eram as mesmas atrizes. Não eram, mas o biotipo é semelhante e a personalidade é idêntica no sentido de alguém que prática o mal e está crente que faz o bem. A lavagem cerebral, no livro, que ela tenta fazer em Paul, o protagonista, traz muitos paralelos com outra personagem de Handmaid's, Janine.
Como conseguimos ter acesso aos pensamentos do protagonista, sabemos o que ele está pensando. Uma das coisas que me incomodou, de um jeito bom, é quando Paul está com o raciocínio confuso e seus pensamentos deixam de ter vírgulas pra expressar isso. Tudo fica embaralhado para o leitor. Adorei.
Perturbador também são os problemas nas teclas da máquina de escrever. Em determinadas partes do livro temos que ler o livro dentro do livro e se pra mim foi CHATO PRA CARAMBA só ler (confesso que quis pular esses trechos), imagine Paul. Dá pra sentir a angustia!
Curti bastante a ideia do livro como metalinguagem, já que é um escritor escrevendo sobre um escritor que escreve. Me pergunto o que S.K. pensa do seu fandom e se as dicas sobre escrita devem ser levadas a sério. Algumas parecem ter um fundo de verdade.
Por fim, perto do final da história, Paul cogita queimar todo seu trabalho. Isso me lembrou uma cena em House of Cards onde monges passam o dia inteiro, meticulosamente, criando uma mandala de areia para, depois de realizado todo o trabalho, destruí-la, para mostrar a efemeridade da vida.
Ah, a brincadeira do "Sai dessa!" estimula bastante a criatividade. Como Annie fala: não precisa ser realista, só precisa ser honesto (a famosa verossimilhança)
(Anotei alguns filmes/livros que foram citados e fiquei com vontade de consumir: senhor das moscas, o prisioneiro de zenda, o mundo segundo garp)
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