Anacronizando os contos #2: Cinderela
Semana passada escrevi sobre "O Patinho Feio". Hoje, dando continuidade a série Anacronizando os contos, vamos falar do conto de fadas da Cinderela.
Primeiro: o que houve com o pai da Cinderela? Algumas histórias divergem nesse ponto. Uns dizem que ele morreu, outros que ficava ausente devido ao trabalho. Onde estava o resto da família dessa menina? Por que ela simplesmente não fugiu do BULLYING? (tudo agora é bullying, né? já falei até da origem disso antes). Tadinha da gata borralheira.
E a nova família dela? Tem as irmãs e a madrasta, né? A história é bastante preconceituosa, mas podemos ver claramente um traço de socialites nelas.
Não queriam trabalhar, não queriam estudar, só queriam aparecer e ter um homem rico para sustentar. Trabalho duro? Pra que? tinham a Cinderela para se responsabilizar pelo trabalho doméstico. Pagavam-na com alimentos, veja só. Quanta caridade e bondade. E esses contadores de histórias ainda querem reforçar a imagem da madrasta na literatura como alguém PREDOMINANTEMENTE MALVADA. Quanta inversão de valores!
Voltando a história. O monarca resolveu fazer uma festa de arromba pra comemorar os 18 anos do filho. Ao invés de dar uma CARRUAGEM com um COCHEIRO (o equivalente a um Audi com motorista nos dias de hoje), fez uma festinha temática com viés de REALITY SHOW chamado "QUEM VAI SER A FUTURA RAINHA?", onde o único JURADO era o príncipe-sem-nome.
Todas as mulheres do reino ficaram ALVOROÇADAS, inclusive as irmãs da Cinder. A pobre menina via suas chances de MOBILIDADE SOCIAL irem para o fundo do poço a medida que suas irmãs postiças encarregavam-na de realizar mais e mais trabalhos domésticos, deixando-a sem tempo de fazer a sua própria roupa. Triste, Cinder chorou.
Chorou, chorou, chorou. E afogou suas mágoas na bebida (tenha isso em mente). Então começou a ver coisas. E ouvir. Uma fada apareceu e foi dar um auxílio para ela ir ao baile. A garota fez o que a fada recomendou, foi ao baile, voltou em cima da hora (quase meia-noite!), o príncipe-sem-nome ficou excitado pelas promessas de libertinagens na cama (como você acha que ela o conquistou?) e mandou seus empregados irem atrás da mocinha que tinha deixado para trás um sapatinho de cristal.
Cabe aqui umas indagações:
Que tipo de sapato só cabe em um único pé? Havia um MOLDE para cada pé nesse reino do príncipe da Cinderela? As coisas deviam ser artesanais por lá, a revolução industrial provavelmente não tinha chegado, mas não acho que havia tempo para fazer esses acessórios sob medida.
"MAS FOI UMA FADA QUE FEZ!" você dirá. Não. Em nenhum momento da história diz que a fada fez o sapato. Ela só transformou as vestes. Deu um toque a mais. É que nem aquelas conselheiras de moda no Jornal Hoje, fazendo você misturar vários tipos de roupa para achar que está diferente. E outra...
Sim, tudo indica que ela estava chapada. Provavelmente foi uma amiga-chamada-FADA que a ajudou na empreitada. E isso nos leva ao segundo questionamento: ELA FALAVA COM ANIMAIS. Descartem a hipótese de XAMANISMO ou ESQUIZOFRENIA. A resposta mais coerente eram as drogas. Que ela devia consumir quase sempre, afinal era maltratada diariamente. Sim, Cinder tinha algum tipo de depressão.
"AH, MAS OS ANIMAIS ENTENDEM QUANDO A GENTE FALA COM ELES". Não estou dizendo que os animais não nos entendem, longe disso, mas FALAR com ele e OUVIR respostas é coisa de drogado. E de religiosos, mas esses só falam com coisas que não existem. Claramente é uma metáfora aos amigos pobres, excluídos e marginalizados de Cinder.
Tá. Aí o sapato coube no pezinho dela, o príncipe-sem-nome pede-a em casamento, proposta aceita, irmãs e madrasta pedem perdão a Cinder para se darem bem na escalada social, ela desculpa (burra, devia mandar decapitar), todos felizes. Fim. Mas cabe um questionamento:
Que tipo de príncipe se casa com a plebéia só porque ela é bonita? Casamentos são ARRANJADOS para fortalecer ALIANÇAS. O príncipe-sem-nome poderia facilmente encoxar a Cinderela após casar com uma princesa de algum outro reino. Até porque o príncipe-sem-nome (reparem, nenhum príncipe de conto de fadas tem nome) só foi atrás dela porque acreditava que ela era uma princesa LINDA (provavelmente a maioria das princesas dos reinos vizinhos deveriam ser feias como a Fiona de Shrek). Mesmo depois do TESTE DOSOFÁ SAPATO, da verdade ter vindo a TONA, se casou com ela. Um inconsequente!
Primeiro: o que houve com o pai da Cinderela? Algumas histórias divergem nesse ponto. Uns dizem que ele morreu, outros que ficava ausente devido ao trabalho. Onde estava o resto da família dessa menina? Por que ela simplesmente não fugiu do BULLYING? (tudo agora é bullying, né? já falei até da origem disso antes). Tadinha da gata borralheira.
E a nova família dela? Tem as irmãs e a madrasta, né? A história é bastante preconceituosa, mas podemos ver claramente um traço de socialites nelas.
Socialite é a mulher de um ricasso que por falta de ter o que fazer, resolve não fazer nada, mas faz nada de forma tão convincente que sua inutilidade é digna de destaque em revistas bem conceituadas e sérias, como: Caras, Istoé Gente e Ti-ti-ti. (Fonte: Desciclopédia, mas faz todo sentido, admita)
Não queriam trabalhar, não queriam estudar, só queriam aparecer e ter um homem rico para sustentar. Trabalho duro? Pra que? tinham a Cinderela para se responsabilizar pelo trabalho doméstico. Pagavam-na com alimentos, veja só. Quanta caridade e bondade. E esses contadores de histórias ainda querem reforçar a imagem da madrasta na literatura como alguém PREDOMINANTEMENTE MALVADA. Quanta inversão de valores!
Voltando a história. O monarca resolveu fazer uma festa de arromba pra comemorar os 18 anos do filho. Ao invés de dar uma CARRUAGEM com um COCHEIRO (o equivalente a um Audi com motorista nos dias de hoje), fez uma festinha temática com viés de REALITY SHOW chamado "QUEM VAI SER A FUTURA RAINHA?", onde o único JURADO era o príncipe-sem-nome.
Todas as mulheres do reino ficaram ALVOROÇADAS, inclusive as irmãs da Cinder. A pobre menina via suas chances de MOBILIDADE SOCIAL irem para o fundo do poço a medida que suas irmãs postiças encarregavam-na de realizar mais e mais trabalhos domésticos, deixando-a sem tempo de fazer a sua própria roupa. Triste, Cinder chorou.
Chorou, chorou, chorou. E afogou suas mágoas na bebida (tenha isso em mente). Então começou a ver coisas. E ouvir. Uma fada apareceu e foi dar um auxílio para ela ir ao baile. A garota fez o que a fada recomendou, foi ao baile, voltou em cima da hora (quase meia-noite!), o príncipe-sem-nome ficou excitado pelas promessas de libertinagens na cama (como você acha que ela o conquistou?) e mandou seus empregados irem atrás da mocinha que tinha deixado para trás um sapatinho de cristal.
Cabe aqui umas indagações:
Que tipo de sapato só cabe em um único pé? Havia um MOLDE para cada pé nesse reino do príncipe da Cinderela? As coisas deviam ser artesanais por lá, a revolução industrial provavelmente não tinha chegado, mas não acho que havia tempo para fazer esses acessórios sob medida.
"MAS FOI UMA FADA QUE FEZ!" você dirá. Não. Em nenhum momento da história diz que a fada fez o sapato. Ela só transformou as vestes. Deu um toque a mais. É que nem aquelas conselheiras de moda no Jornal Hoje, fazendo você misturar vários tipos de roupa para achar que está diferente. E outra...
9 entre 10 fadas são associadas ao Absinto
Sim, tudo indica que ela estava chapada. Provavelmente foi uma amiga-chamada-FADA que a ajudou na empreitada. E isso nos leva ao segundo questionamento: ELA FALAVA COM ANIMAIS. Descartem a hipótese de XAMANISMO ou ESQUIZOFRENIA. A resposta mais coerente eram as drogas. Que ela devia consumir quase sempre, afinal era maltratada diariamente. Sim, Cinder tinha algum tipo de depressão.
Beber, cair e levantar
"AH, MAS OS ANIMAIS ENTENDEM QUANDO A GENTE FALA COM ELES". Não estou dizendo que os animais não nos entendem, longe disso, mas FALAR com ele e OUVIR respostas é coisa de drogado. E de religiosos, mas esses só falam com coisas que não existem. Claramente é uma metáfora aos amigos pobres, excluídos e marginalizados de Cinder.
Pessoas que dominam a arte de falar com animais
Tá. Aí o sapato coube no pezinho dela, o príncipe-sem-nome pede-a em casamento, proposta aceita, irmãs e madrasta pedem perdão a Cinder para se darem bem na escalada social, ela desculpa (burra, devia mandar decapitar), todos felizes. Fim. Mas cabe um questionamento:
Que tipo de príncipe se casa com a plebéia só porque ela é bonita? Casamentos são ARRANJADOS para fortalecer ALIANÇAS. O príncipe-sem-nome poderia facilmente encoxar a Cinderela após casar com uma princesa de algum outro reino. Até porque o príncipe-sem-nome (reparem, nenhum príncipe de conto de fadas tem nome) só foi atrás dela porque acreditava que ela era uma princesa LINDA (provavelmente a maioria das princesas dos reinos vizinhos deveriam ser feias como a Fiona de Shrek). Mesmo depois do TESTE DO
Comentários
Postar um comentário