Insensibilidade e Submissão

Ela não era insensível. De jeito nenhum! Ao seu modo conseguia perceber as sutis mudanças de humor das pessoas ao redor. Entretanto, todos a tratavam como se tivesse um coração gelado.

De certo modo era sua culpa. Ela até sabia como ajudar, mas se impelia. Não deixava transparecer. Evitava o erro. Envolvia-se superficialmente. Falava o que era necessário. Conversava amenidades. Era objetiva, direta e cordial.

Quem quer que ficasse fascinado com seu jeito peculiar teria que insistir muito num relacionamento de coleguismo. Poucos eram sido escolhidos como amigo. E tudo isto na cabeça dela. (Demonstrações públicas de afeto eram raras).

Tinha um jeito de enjoadinha e um ar arrogante. Era difícil perceber seu lado divertido. Transparência zero. Suas sobrancelhas arqueadas aliadas a um sorriso torto de canto de boca demonstravam o total desprezo por atitudes infantis, desnecessárias e tolas. Meneava a cabeça para os lados em sínal de negação. Era fácil perceber sua desaprovação. Mas isso era ser sensível. Com sentido de reprovação, mas ainda assim com sensibilidade.

Fantasiava demais, imaginava demais, planejava demais. Esse era seu mal e ela sabia. Por na prática suas idéias? Impensável. Pois tinha que sair perfeito. Sempre. Novamente ela evitava o erro com medo de não acertar. Não é que ela não soubesse se fazer entender, nem vergonha de se expor. Ok, talvez fosse, mas não é esse o ponto.

Neuras. Queria ser reconhecida, mas não ser o centro das atenções. Adorava liderar. Paradoxal? Até certo ponto.

Ela não queria ser submissa.

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