Bolsa de mulher, tecnologia, vital, supérfluo

Moro com minhas tias e minhas primas. Desde pequeno sempre teve mulher por perto. E as mulheres daqui de casa, pelo menos, tem (tinham) esse hábito de possuírem várias bolsas. Uma pra cada ocasião. É algo que eu não compreendo, mas esse não é o ponto. O foco é que quando era pequeno sempre via as bolsas delas cheias de coisas. Lotadas. Entulhadas mesmo. E eu sempre perguntava pra alguma delas: "por que tem tanta besteira nessas bolsas? metade disso não será usado em NENHUM MOMENTO DA SUA VIDA".

Só que nesses últimos 6 meses acabei por perder a carteira por duas vezes (ambas recuperadas). Só de imaginar refazer toda aquela documentação... Tudo porque a carteira vivia no meu bolso. E como dei uma emagrecida, o short ficou folgado e ela facilmente caia. Um objeto pequeno, né? Resolvi então sempre sair com a bolsa transversal. Ficaria mais fácil guardar celular, chaves, carteira, uma caneta e um papel. Por ser um objeto maior, ficaria difícil esquecê-lo em algum canto.


Por duas vezes esse mês meu celular descarregou. Porque esqueci de levar o carregador para o apartamento no final de semana. Então eu me senti meio incomunicável. Lá não tem internet. O único número que guardo na cabeça é o de casa. Lembro de números guardados na cabeça, mas não sei de quem são. Daí não sei se tô ligando pra Igor ou para uma pizzaria. Na duvida eu não ligo. Vai que a fome bate, né? Não tenho dinheiro.

Fora esse lance de me sentir totalmente desorientado, sem a possibilidade de manter contato humano (virtual ou não), voltei a pensar na bolsa das minhas tias. Porque eu comecei a incluir coisas dentro da minha bolsa agora. Tipo o cabo usb da câmera digital. E a câmera digital. POR FAVOR, NÃO ME ROUBEM. E o carregador do celular. Entendeu? Eu começo a botar coisas que TALVEZ eu venha a usar. Não que usarei efetivamente ou naquele momento especifico. Tenho essa consciência que tô ENTULHANDO. Levando peso desnecessário.

Daí tava falando com isso sobre PV. Sobre tentar se por no lugar dos outros para entender que o que é "vital" para um, pode ser supérfluo para outro. Ele disse que era impossível: "sempre será EU no lugar do OUTRO, dentro da MINHA perspectiva". E é verdade. Mas eu disse que pelo menos tentava, mesmo que na minha realidade aqueles objetos fossem dispensáveis. Ele concluiu com o argumento que pesava ambos os lados da questão: "Acho tudo supérfluo, mas nao vou encher o seu saco querendo explicações. Mas se você quer minha opiniao, jogaria metade das coisas aí fora." Pois é.

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